Redes Estadual e Municipal apresentam dados da Educação Especial de FW
Painel integrou a programação da Semana Municipal da Pessoa com Deficiência (Foto: Gustavo Menegusso)
Com o objetivo de apresentar o atual cenário da educação inclusiva no município de Frederico Westphalen, aconteceu no dia 30 de agosto, na Câmara de Vereadores, o painel “Educação: conhecer para incluir”. Dezenas de pessoas acompanharam o evento de forma presencial e também on-line, que integrou a terceira noite da Semana Municipal da Pessoa com Deficiência.
A roda de conversa reuniu a secretária municipal de Educação, Maria Cristina Aita; a coordenadora 20ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Jô do Carmo; a professora da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI/FW), Vanice Hermel; e a professora da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), Cláudia Cristina Wesendonck, representantes dos organizadores do painel.
Dados da rede municipal de ensino
Com oito escolas de ensino fundamental e nove de educação infantil (EMEIs) o município de Frederico Westphalen totaliza 2.458 estudantes, sendo 1.247 na educação infantil e 1.211 no ensino fundamental. Deste total, 92 alunos possuem alguma deficiência. “Hoje, em nossas nove EMEIs nós temos 23 crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), oito com deficiência intelectual, duas com deficiência física e múltipla, um com deficiência múltipla e 1 com deficiência auditiva. Já no ensino fundamental, nós temos sete estudantes com TEA e TDAH, 43 com deficiência intelectual, cinco com deficiência física e múltipla, um com transtornos ansiosos e 1 com visão monocular”, apresentou Maria Cristina, que também trouxe um panorama da legislação no país voltada às questões da educação especial.
Dados da rede estadual
Durante o bate-papo, a coordenadora da 20ª CRE expôs o lançamento pré-oficial do Mapa Estratégico da Educação Estadual, que contempla os anos de 2023 a 2026, organizado pela Secretaria Estadual de Educação, e apresentou os dados do atendimento educacional especializado da 20ª CRE. “De 79 escolas, nós temos 49 que oferecem Salas de Atendimento à Educação Especial (AEE). Em nossa rede estadual, contabilizamos 58 professores atuantes no AEE e 49 agentes educacionais, ou monitores como também são chamados. Assim, contamos com um total de 585 alunos atendidos conforme as suas necessidades. Quero dizer que na rede estadual são mais de 20 mil alunos sendo atendidos dentro deste olhar da educação especial como uma modalidade transversal. Considerando Frederico Westphalen, o número que nós temos do município são 12 escolas. Uma delas é o Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos e Cultura Popular Aprendendo a Aprender (Neeja). No total do município, temos 83 alunos que são atendidos em nove salas de AEE”, relatou Jô do Carmo.
Jô também detalhou que as deficiências dos alunos da abrangência da 20ª CRE. “São dois estudantes cegos, nove com deficiência física, cinco com altas habilidades, 25 com baixa visão, 8 surdos, 12 com deficiência auditiva, dois com transtorno de desenvolvimento, 399 com deficiência intelectual, um com Síndrome de Rett, um com Síndrome de Down, dois Asperger, 17 estudantes com deficiências múltiplas, sete estudantes de dificuldades de locomoção, 67 autistas e 12 com deficiência visual”, detalhou.
“O responsável em educar a criança é a família”
Após a apresentação dos dados das redes municipal e estadual, as professoras da URI e Uergs também participaram do bate-papo, trazendo suas contribuições sobre a temática. “Não é só colocar o estudante na responsabilidade do Estado ou do município. O responsável em educar a criança é a família. A questão começa em casa, e literalmente dentro da barriga da mãe, porque dependendo da questão, a criança já se identifica durante a gestação e muitas já são rejeitadas nesse momento”, disse Cláudia.
“Inclusão é acolher o olhar que o outro tem e entender esse olhar”
De acordo com Vanice, é preciso compreender os motivos pelos quais a maioria das pessoas com deficiência não prossegue seus estudos até o ensino superior. “Enquanto instituições de ensino superior, questionamos onde esse número de estudantes com deficiência se vai, onde ele se perde que não preenche todas as nossas vagas de ensino superior? Toda essa criançada para quando de estudar? Desiste, tranca, encerra seus estudos? Quais os motivos? É um alerta para nós pensarmos onde eles estão, para onde vão e o que falta, ou o que podemos fazer enquanto educação para sermos essa ponte que o leva para uma formação de ensino superior e atuante no mercado de trabalho?”, questionou Vanice. “Quando eu falo inclusão, não consigo fugir da palavra acolher, que é no sentido de acolher o olhar que o outro tem e entender esse olhar”, acrescentou.
O painel, que foi transmitido na Língua Brasileira de Sinais pela intérprete de Libras, Tiara Riquelme, ainda contou com depoimento de três professoras da rede estadual de ensino, que trouxeram suas experiências com estudantes com deficiência.